quinta-feira, 8 de setembro de 2011

TRÊS PIADAS VAGINAIS INFAMES (OU PENSAR SOBRE O SENTIDO DA VIDA FAZ MAL À SAÚDE)

CBH falou & disse (em Roda Viva): tem dias que a gente se sente/como quem partiu/ ou morreu. Hoje eu sou esse verso buarquiano até a medula. Amanhã Beltrano poderá ser esse verso buarquiano até a medula. Depois de amanhã Sicrano poderá ser esse verso buarquiano até a medula. (A náusea nasceu pra todos). Mas nada grave, querido leitor. Nada agudo, caro leitor. Assim é a vida, pontuada por traições shakespearianas, silêncios cruéis, memórias demolidoras, frases letais disparadas a tacape, peripécias dramáticas e patéticas, e, basicamente, não enxergar sentido algum em continuar respirando.

A escolha é hamletiana, e perene: viver ou não viver; morrer ou não morrer.

Hoje, mais uma vez, escolho viver. Provavelmente amanhã e depois de amanhã também; a vida é bela mesmo quando é feia, autocitando-me. Mas tentemos que seja assim: viver sem nos levarmos muito a sério; sem acharmos que, em algum momento, seremos o rei-rainha da cocada-preta; sem duvidarmos que somos pó, e apenas pó, e ao pó voltaremos; com a consciência plena de que nos conhecemos muito pouco, e de que não conhecemos absolutamente nada do que se passa na cabeça de outrem; sem nos desesperarmos com o fato de a vida não ser o teclado do computador onde escrevo este texto, no qual sempre poderemos trocar o L pelo S, quando percebemos que escrevemos a letra errada. Ou, se quisermos, à la Deus, deletar tudo.

Dito isso, mudemos de assunto rapidamente, antes que o fel se transforme em úlcera ou câncer - e vamos às piadas vaginais infames que lhe prometi, caro leitor, no título desta (não)crônica, e que, espero contritamente, ajudem a zerar o meu, o seu e os nossos cérebros (ou o que ainda restar deles).

1. Idos dos anos 1960. Tito Lívio, 35, dentista, e Márcia Regina, 26, do lar, casaram-se com pompa e circunstância na Igreja do Outeiro da Glória.
Conheceram-se no Cine Paissandu, na rua homônima.
Ambos adoravam cinema.
Nove meses depois, nasceu garota pequerrucha e saudável. Instalou-se então certa celeuma sobre qual seria o nome da criança.
Tito, louco por Ava Gardner, queria chamá-la Ava.
Marcia, soutien de millus 40, louca para ter os seios fartos de Gina Lollobrigida, preferia Gina.
Depois de muita negociação, adotou-se solução ecumênica:
Tito e Márcia homenageariam as duas atrizes famosas e queridas ao mesmo tempo.
Como seria o nome da filha?  Avagina.

2. Era uma vez - num tempo longínquo, talvez anos 1950, em que papais e mamães ainda não tinham percebido que seus petizes  já sabiam as diferenças entre um pênis e um abacate, ou entre uma vagina e uma couve-flor - uma mãe zelosa e virtuosa que foi tomar banho, e esqueceu a porta aberta.
O peralta Pedrinho, 8 anos, rápido no gatilho, não perdeu a oportunidade de ver a mãe nua (ou melhor, não perderia a oportunidade de ver qualquer mulher nua in natura).
Dona Lindaura, chocada com a súbita entrada em cena do filho, não teve tempo nem de pegar a toalha para cobrir-lhes, digamos, as vergonhas.
Pedrinho, só de sacanagem, perguntou, com a cara mais inocente do mundo: - Mainha, o que é isso que a senhora tem no meio das pernas? 
A mãe, com a cara mais deslavada do mundo, envergonhadíssima, saiu-se com essa: - Foi decorrência de um um acidente de carro que sofri quando garota. É um talho!
Pedrinho, rápido no gatilho: - Mas que azar, mainha...  logo bem em cima da buceta!!!

3. Teodoro Scott, 32, era o predador sexual em pessoa.
Comia, diziam as más línguas, tudo que usasse saias e tivesse um buraco no meio. ´Inclusive padres, inclusive freiras´ - sibilava, salivando de prazer, dona Ricarda, para o resto da matilha de beatas que frequentavam a igreja de Nazaré, em Salvador, nos idos dos anos 1960.
Mas até teodoros-scotts têm dias de (pouco) pão e (pouca) água. Enfatiotado com o melhor terno e perfumado por todas as seivas aromáticas disponíveis na Magazine Sloper da Rua Chile, adentrou, garbosamente, a festa de 15 anos de Marianita Tupinambá, no Clube Baiano de Tênis.
A festa foi um estouro.
Menos para Teodoro Scott: às 4h15, já encharcado por hectolitros de álcool, não conseguira pegar ninguém. Absolutamente ninguém.
Desesperado, ia e voltava pelo salão, olhos varados disparados para todas as direções - e nada.
Enfim, chegara a hora da xepa: o momento do baile em que os que não pegaram ninguém pegam o que estiver ao alcance da mão: seja lá que tribufu for.
Foi quando Teodoro Scott avistou Vera Regilda Tamandaré, unanimemente considerada a mulher mais feia da Barra Avenida e, quiçá, do hemisfério sul. Também conhecida como Miss Maxixe, zarolhava, mancava, tinha cabelhos oxigenados à Marilyn Monroe; era, aos 40 e poucos anos, virgem incruadíssima, com louvor.
Abarrotado de álcool até a tampa, e com o orgulho de macho ferido, Teodoro Scott partiu em direção a Vera Regilda Tamandaré como se Vera Regilda Tamandaré fosse milagrosa simbiose de Elizabeth Taylor & Rita Hayworth & Lana Turner.
Cercou-a, emparedou-a, prendeu-a num forte abraço, enfiou-lhe a língua sôfrega até o esôfago, e silabou, melhor, ciciou: - Bo-ni-ta, bo-ni-ta!
Vera Regilda Tamandaré, encabulada, sem ter certeza absoluta de que era ela, a virgem incruada, que estava sendo assediada por aquele adônis, gaguejou: - O. ooooo sssseeeenhoooorrr táaá falando commmmmigooo? 
Teodoro Scott, varado pela cachaça e pela luxúria e pelo pênis que lhe ardia dentro das calças, sussurrou-lhe: - É com você mesmo, meu broto, que estou falando, minha deusa, minha flor de maracujá!
E deu a estocada final: - Você é a mulher mais bonita desta festa. Minto. Você é a mulher mais bonita do planeta!
E arrematou, celerado pelo álcool e pelo desejado: - Você é bonita. Bonita! Bê-U-Cê-Ê-Tê-A! Bu-ni-ta!

Pano rápido.

(E o fel se foi. Mas ele sempre volta)

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário