terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ALGUNS ESCRITORES PELOS QUAIS OS MEUS SINOS DOBRAM

Vez em quando um amigo muitíssimo querido de Brasília me pede que lhe faça lista dos romances que me foram mais fundamentais, que me marcaram desde a aurora da minha vida a até  mais ou menos um minuto atrás. Resisto à idéia. Livros são pessoais e instransferíveis. Obras primas para uns podem soar pífias para outros. E vice-versa. Além disso, gosto da idéia de cada um fazer a sua própria geneologia literária, descobrir seus próprios heróis literários, e definir quais escritores lhe serão mais caros e pelos quais se apaixonarão para todo o sempre.

Mas agora há pouco, ao acabar de ler o mais recente livro do israelense Amós Oz lançado no Brasil (Uma Certa Paz, escrito em 1982 e que só agora ganha tradução brasileira), pude, extasiado, perceber: há (e haverá) sempre um livro que você ainda não leu, e que, quando o ler, esse livro poderá deixá-lo absolutamente extasiado (o que, nesses tempos medonhos nos quais vivemos, é uma providencial bênção). Ou seja: A vida está uma merda? A solidão é cada vez mais atroz? Você não consegue decifrar quase nada do que acontece com a sua vida desde que se entende por gente? Você acha que ninguém lhe ama e que ninguém lhe quer? Receito-lhe: literatura na veia (a velha e boa literatura ainda poderá ser o mais poderoso e operoso bálsamo, tanto para o bem como para o mal, das nossas existências).

Consequentemente, me lembrei do meu queridíssimo amigo de Brasília e pensei em dividir alguns dos meus mais fundamentais afetos literários com ele, e com quem mais estiver me lendo neste momento. Mas, logo percebo, teria alguma dificuldade em apontar os livros que me marcaram durante tooooda a minha loooonga vida (talvez me falte memória para tanto!). Prefiro então me fixar nos livros que me marcaram e me remarcaram (releituras de livros que li em outras épocas e que agora voltaram a me extasiar e a me deslumbrar) nos últimos quatro anos; ou seja, de 1 de janeiro de 2007 até mais ou menos um minuto atrás.

Por que essa datação tão rigorosa? Talvez porque foram nesses últimos quatro anos que realmente defini (defini?) que eu seria (seria?) de fato um escritor. A ver.

Eis alguns livros, escritos por autores contemporâneos e não, pelos quais os meus sinos dobraram nos últimos quatro anos (e pelos quais os sinos do prezado leitor também poderão dobrar. Ou não.).

(Sem ordem de preferência, apenas na ordem que me vem à cabeça:

1. O Vermelho e o Negro, de Stendhal.
2. Anna Kariênina, de Leon Tolstoi.
3. Os Demônios e Os Irmãos Karmázov, de Fiodor Dostoiévski.
4.  Crônica de Uma Vida de Mulher, de Arthur Shcnitzler.
5. Retrato de Uma Senhora, de Heny James.
6. Pais e Filhos, de Ivan Turguêniev.
7. Os Eclesiastes (está na Bíblia Sagrada; pode não ser, e não é, um romance, mas certamente se trata de um dos textos mais instigantes que já li, e reli, e reli, e reli, na minha vida).
8. Servidão Humana, de Somerset Maugham.
9. Luz em Agosto, de William Faulkner.
10. Ilusões Perdidas, de Honoré de Balzac.
11. Neve, Meu Nome é Vermelho, Istambul, Outras Cores, O Livro Negro, de Orhan Pamuk.
12. As Benevolentes, de Jonathan Littel.
13. 2666, de Roberto Bolaño.
14. Homem Lento e Desonra, de J.M. Coetzee.
15. De Amor e Trevas, Cenas da Vida na Aldeia, Rimas da Vida e da Morte, A Caixa Preta, 
de Amós Oz.
16. Casei com um Comunista, Homem Comum, O Animal Agonizante, Fantasma Sai de Cena,  Indignação, A Humilhação, de Philip Roth.
17. Equador, de Miguel Sousa Tavares.

Acho que foi isso.

(Do excepcional Uma Certa Paz, de Amós Oz, gostaria de dividir o seguinte trecho com você, caro leitor:
``A morte é muito poderosa e está em todo o lugar. A crueldade está plantada em todos nós. Cada um é um pouco assassino; se não dos outros, de si mesmo.´´)

4 comentários:

  1. Rogério, meu caro, demoro de entrar nos lugares, nos blogs etc porque sempre acho que não vou querer voltar. Demoro pra ceder, mas agora entro no seu blog e tive um prazer imenso em ler vc. Vou voltar sempre e comentar quando tiver tempo. Bjs... Marlene Lopes

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  2. Incluiria o Paul Auster (O Homem no Escuro). Foi algo que me tocou recentemente e que poderia, com certeza, ter o mesmo efeito sobre outros. Forte abraço ... PH

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  3. Rogério,
    Adoro listas, ainda que concorde com o seu comentário inicial. O que é agradável nisso é querer acrescentar sempre mais um autor, como fez o leitor acima, ou querer perguntar por que a escolha de tantos títulos de outro. Legal o exercício. Legal a crônica. Ab

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  4. parafrasenado aquele hit da disco music: "so many books, so little time... what can i do?"

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